A
presença delas é predominante aos domingos na feira livre do povoado do
Alecrim, na zona rural de Cachoeira, região do Recôncavo baiano, distante 8 km
da sede do município, realizada aos domingos das 5 da manhã ás 13h. A maioria das barracas está sob o comando de
mulheres- sendo que algumas nunca saíram de casa para trabalhar e ganhar o seu
próprio dinheiro. A oportunidade para essas donas de casas do meio rural veio
com o apoio da prefeitura municipal para a implantação da feira livre do
Alecrim, criada a partir de um projeto de lei, de autoria vereador Antônio
Joaquim de Freitas Filho, que cumpre o seu primeiro mandato.
A
proposta da feira livre foi idealizada como estratégia para combater o
desemprego na comunidade e gerar renda para as famílias. Mobilizados pela APREMA
(Associação de Produtores Rurais e Moradores do Alecrim), os interessados logo abraçaram
a ideia e as mulheres saíram na frente. Durante as reuniões na sede da
associação foram discutidas todas as propostas e os objetivos da feira, que
começou com apenas 20 barracas.
Nos próximos dias esse número será ampliado para
50, com mulheres no comando da maioria.
A dona de
casa e agora empreendedora Rejane Pereira Lisboa, de 36 anos, é um exemplo de
como a oportunidade na feira livre está transformando a sua vida. “Eu nunca
trabalhei fora de casa, só cuidava dos afazeres e do meu marido e da criação do
meu filho. Agora, estou aqui feliz, trabalhando e ganhando o meu próprio
dinheiro. Esse é o meu primeiro emprego”, ela conta em tom de comemoração. Para
gerar a sua própria renda, Rejane não precisou de muita coisa. Ela usa os seus
conhecimentos de preparo de bolos e doces caseiros e salgados. A iniciativa
está dando certo e seus produtos são bastantes procuradores pelos freqüentadores
da feira. A nova empreendedora não gosta de falar sobre os lucros, prefere demonstrar a satisfação pela atividade e força de
vontade de seguir em frente para realizar todos os seus sonhos. “É gratificante
e vale à pena”, ela afirma.
Firmeza e
determinação também não faltam para Regina Lisboa, 57 anos, que transformou as suas
habilidades na cozinha para ganhar dinheiro com a oportunidade da feira livre
do Alecrim. Com receitas simples, mas preparadas caprichosamente, a barraca que
divide com a irmã, é parada obrigatória para aqueles que apreciam pratos
suculentos e tradicionais do Recôncavo Baiano, a exemplo da feijoada cozida na
panela de barro e no fogo à lenha. Regina conhecida pelo apelido de Nêgo, faz sucesso com seus pratos que já
fazem a fama da barraca. Além da feijoada, ela vende maniçoba, mocofato (prato
preparado com vísceras bovinas e mocotó) , dobradinha e galinha caipira. “São
as mesmas comidas que preparo para minha família, mas não imaginava que ia
fazer tanto sucesso aqui na feira”, revela. “Está tudo ótimo. A feira está
sendo uma grande oportunidade para a gente gerar renda para nossas famílias”.
Em outra
barraca da feira livre, onde as mulheres predominam a frente dos negócios, a
dona de casa e “agora feirante”, como faz questão de frisar, Vânia Melo, 54
anos, vende pães e bolos preparados com receitas caseiras, produzidos na
cozinha da própria casa, fala da satisfação de poder estar trabalhando. “Estou satisfeita por
estar trabalhando, vendendo os meus produtos. A feira é um estímulo para nossas
vidas”, Vânia garante, demonstrando que assim como outras mulheres donas de casas do povoado do
Alecrim aprenderam identificar a
oportunidade e desenvolveram meios de
aproveitá-las, assumindo riscos e desafios, como novas empreendedoras da zona
rural de Cachoeira.