O espetáculo tem a direção de Paulo Dourado
O ingresso é 1 kg de feijão ou arroz para o programa Fome Zero
Crédito das fotos: Shirley Stolze (Divulgação)
Uma superprodução teatral patrocinada pelo Projeto Vivo EnCena, o espetáculo “A Paixão de Cristo” será apresentado na Semana Santa, de 22 a 25 de abril, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, às 18h30. Sob a direção geral de Paulo Dourado, estarão no palco nada menos que 50 atores e figurantes, além de um coro de 300 vozes regido pelo maestro Dilton César. No elenco, grandes nomes do teatro baiano: Jackson Costa, no papel de Jesus Cristo, Regina Dourado, como Maria, a mãe de Jesus, Andrea Elia, como Maria Madalena, e ainda Marcelo Praddo, Luiz Pepeu, Urias Lima e Carlos Betão, entre outros artistas. Os ingressos serão trocados por 1 kg de feijão ou arroz para o programa Fome Zero, na bilheteria do TCA. Para os quatro dias de apresentação é esperado um público de 20 mil pessoas. No dia 21, quinta-feira, acontece o Ensaio Aberto, às 18h30.
Tradição cultural – A celebração da Paixão de Cristo é a mais permanente e profunda entre todas as tradições culturais do mundo ocidental. Em função do seu duplo fundamento - religioso e artístico - a realização desse teatro popular se reveste de características especiais que encontram eco na diversidade das classes e das culturas da sociedade contemporânea. Em todo o mundo, ao longo das últimas décadas, ressurgiram novos espetáculos sobre o tema, produzidos com recursos tecnológicos de ponta e elenco de excelência artística.
O diretor Paulo Dourado afirma que a expectativa é lotar a Concha, não só de baianos, mas também turistas. “Estamos retomando em Salvador uma tradição do século passado, quando nos anos 80 e 90 era costume das famílias participarem da Semana Santa, como um momento de reflexão e renovação em torno da Páscoa. Mas houve uma carnavalização progressiva em Salvador, e outros acontecimentos culturais legítimos foram esquecidos.’Paixão de Cristo’ é o piloto de um amplo projeto que pretende envolver as artes sacras, o barroco baiano, os museus, os corais, enfim, todo o universo artístico da Bahia associado à história da religiosidade e do cristianismo”.
Poesia - O ator Jackson Costa, que curiosamente boa parte do público acha que ele já interpretou Jesus Cristo, garante que esta é a primeira vez em que vive “a história de um personagem muito bonito, totalmente coerente, sofredor e o mais solitário de todos que já fiz. O Verbo Encarnado é totalmente poesia. Jesus é uma flor e a humanidade um coturno pisando em cima”, compara. Ele destaca que a montagem de Paulo Dourado traz uma proposta diferente, ao colocar nas mãos de atores experientes o embate, o poder da palavra, o julgamento do antigo teatro grego, agora para o público da Concha. “É diferente de ver um presépio com figuras estáticas. Esta é uma oportunidade de compreender muitas coisas que ainda não compreendemos.”
“A mesma emoção” - Também a atriz baiana Regina Dourado, com uma carreira de papéis marcantes na televisão, teatro e cinema, ainda não havia atuado em nenhum espetáculo sobre a Paixão de Cristo, “o ser mais misterioso e poderoso que colocou os pés na face da Terra. Parece que tudo aquilo aconteceu ontem. A emoção é a mesma”, diz ela, que se sente honrada e um pouco ansiosa por fazer Maria, “a mãe que queria morrer junto com o filho.” Na montagem, Regina interpreta a personagem numa fase mais madura, que narra todos os acontecimentos. Ela lembra que é um prazer trabalhar novamente com o irmão, o diretor Paulo Dourado, e que “é fantástico o espetáculo acontecer na Concha, porque lembra os aglomerados populares que se faziam na época da Paixão.”
Coral e efeitos especiais – Com duração de uma hora e meia, a peça segue uma linha tradicional baseada em interpretações literais dos Evangelhos e pontuada por falas da Língua Portuguesa arcaica. Ao mesmo tempo, a produção contempla elementos contemporâneos e efeitos especiais. No momento da Ascensão, por exemplo, Cristo irá literalmente voar, revela Antrifo Sanches, coordenador de produção. Para causar esse e outros efeitos cênicos foi convidada a companhia teatral carioca Intrépida Trupe, especializada em arte circense. Por sua vez, a música que marca o ritmo da peça é uma grande compilação do cancioneiro popular de domínio público e do clássico instrumental. Somem-se aí a abertura e o encerramento do espetáculo, a cargo de um coro de 300 vozes, sob a regência maestro Dilton César, responsável pelos corais do Mosteiro de São Bento e da Petrobras, entre outros.
Paulo Dourado (diretor) - Em quase 35 anos de produção artística, é diretor, professor, roteirista, cenógrafo, dramaturgo, diretor musical e produtor de um grande número de espetáculos, audiovisuais e eventos. Foi diretor da Escola de Teatro da UFBA. Dirigiu “Ubu Rei”, “A Caverna”, Sete Pecados Capitados”, “Los Catedrásticos”, “A Conspiração dos Alfaiates”, “Canudos: A Guerra do Sem Fim”, a ópera “Lídia de Oxum”, “Quincas Berro D’Água” e “Rei Brasil”.
Jackson Costa (ator) – Nascido em Itabuna, Bahia, trabalhou em minisséries e novelas da TV como “Pedra sobre Pedra”, “Renascer” "Tocaia Grande". "Paraíso", "Dalva e Herivelto - uma Canção de Amor" e na microssérie "A Pedra do Reino", dirigida por Luiz Fernando Carvalho em homenagem aos 80 anos do escritor Ariano Suassuna. No teatro, entre outras peças fez “Los Catedrásticos”, dirigida por Paulo Dourado, e “Vixe, Maria! Deus e o Diabo na Bahia!”, dirigida por Fernando Guerreiro. Lançou um CD no qual interpreta poesias de Castro Alves e Gregório de Mattos. Atualmente, apresenta o programa "Aprovado" da TV Bahia.
Regina Dourado (atriz) – Natural de Salvador, a premiada intérprete estreou na televisão no especial “A Morte e a Morte de Quincas Berro D`água”, dirigido por Walter Avancini em 1978. Atuou em “Pai Herói”, "Cavalo Amarelo" "Rosa Baiana", e brilhou como a inesquecível personagem Lara Sereno de “Pão Pão, Beijo Beijo”. Fez também "Roque Santeiro", "Renascer", "Tropicaliente", "Explode Coração", "Rei do Gado", "Esperança", “América”.“Lampião e Maria Bonita”, “O Pagador de Promessas”, “O Sorriso do Lagarto” e “Tereza Batista”. No teatro, atuou em peças como “Memórias de um Sargento de Milícias”, “Declaração de Amor Explícito” e “Rei Brasil 500 Anos, Uma Ópera Popular”. No cinema, estreou em grande estilo em “Baiano Fantasma”, de Denoy de Oliveira, em 1984.