Lançado recentemente, o documentário Água de Meninos, da diretora Fabíola Aquino, tras na sua triulha sonora a participação da Orquestra Afro Sinfônica que proporcionou à obra uma trilha sonora original
com o Poema Sinfônico “As
Feiras”, que traz três movimentos: Água de Meninos, São Joaquim e Sete Portas.
Uma festejada parceria une ao filme o maestro baiano Ubiratan Marques e
o compositor Mateus Aleluia, autores da trilha. A Orquestra tem a mesma estrutura de uma orquestra
tradicional, a principal diferença está, certamente, no resultado musical, que
une o peso e as nuances sinfônicas à personalidade particular dos arranjos
africanos.
Retratar
costumes da sociedade soteropolitana ligados à feira livre, fazer uma
retrospectiva dos últimos 50 anos do maior mercado a céu aberto da Bahia e conduzir
o espectador numa narrativa histórica, revelando a luta do feirante em
imagens. Estes são alguns objetivos do documentário Água de
Meninos – A Feira do Cinema Novo, da cineasta e roteirista baiana Fabíola
Aquino, que conta com participação especial do ator Antonio
Pitanga. O lançamento do filme poderá ser conferido, gratuitamente,
nos dias 11 de junho, no Cine Cena Unijorge, às 20h, e no dia 12 de junho
(Dia dos Namorados), na própria Feira, em duas sessões: às 18h30 e às
20h.
Com 52 minutos de duração, o filme
conta a história das feiras em quatro tempos: a Feira de Água de
Meninos, o Cinema Novo produzido na Feira, seu incêndio,
em 1964, e o hoje, em São Joaquim. Exibida com suas diversidades
em cores fortes e marcantes, a Feira de São Joaquim e sua gente traz situações
que remetem ao passado, embora estejamos em pleno século XXI. Essa vibração e
efervescência contaminou a equipe de produção do documentário que, em meio a
artigos de candomblé, barracas de artesanatos, carnes, frutas, verduras e uma
infinidade de produtos, teve o cuidado de captar a essência da Feira, com
depoimentos e entrevistas de diferentes personalidades.
O documentário também retrata um “olhar
feminino” sobre a feira livre. Além da diretora Fabíola Aquino, a equipe é
composta por outras duas mulheres: Claudia Chavez (montagem), e Laura Bezerra (pesquisa).
Essa conjunção reflete um resultado sensível desse olhar feminino. “Nos
encanta, por exemplo, ver o sentimento das pessoas que entendem a Feira como
uma grande mãe. Uma pessoa que chega à feira cedo, sem dinheiro algum, mas, na
conversa, consegue ‘comprar fiado’. Essa mesma pessoa trabalha, revende os
produtos, paga o que deve e ainda volta para casa com algum dinheiro. Essa é
uma representação maternal de uma relação comercial que só se vê na feira
livre”, define a diretora.
Com participação especial do ator Antônio Pitanga, expoente do
cinema nacional, que iniciou sua carreira em atuações destacadas nos dois
longas que inspiraram o documentário, Pitanga veio a Salvador partilhar suas
lembranças e rememorou a efervescência cultural vivenciada nos anos 60, em Água de Meninos. Junto ao seu
depoimento, o espectador também poderá conferir sua performance na trilha
sonora ao cantar Diplomacia, do
sambista Batatinha, música executada no clipe final. O filme traz ainda belas
declarações, como a do compositor Mateus Aleluia, do ex-feirante e produtor cinematográfico,
Álvaro Queiros, e da atriz Gessy Gesse, entre outros.