Cachoeira Heróica e Monumento Nacional está revivendo os dias de chumbo da ditadura militar implantada no País, após o golpe em 31 de março de 1964. Pelas ruas há homens armados, desde ontem, para intimidar a população. De armas em punho, tentam sufocar o clamor pacífico da maioria dos cachoeiranos que não esconde a revolta contra o golpe paroquiano dado contra a vontade do povo com a cassação do diploma do prefeito Tato Pereira, do vice Wilson Souza do Lago e de tres vereadores do PMDB todos legitimamente eleitos pela vontade popular.
A presença de muitas viaturas da Polícia Militar, estrategicamente posicionados em frente ao Fórum Teixeira de Freitas, no Largo d'Ajuda, onde fica a sede do Paço Municipal e na Praça Dr. Milton confere à Cachoeira um clima de cidade sitiada. As pessoas estão pasmadas, cabisbaixas. Não há celebrações das massas pelo ocorrido, mas tristeza. Muita tristeza e revolta, principalmente pelo fato de as autoridades sempre alegarem que o Estado não possui infra-estrutura para oferecer segurança à população que vive de sobressalto por causa da violência. Ontem, enquanto o braço armado do Estado, protegia a entrada do Fórum Teixeira de Freitas, um cidadão trabalhador, enfrentava um assalto, na área comercial da cidade.
Para quê tanta Polícia em Cachoeira? O quê está contecendo? Para que este estado de sítio?
É medo da vontade soberana da maior parte da população?
Voltamos a março de 1964? Em defesa do Estado de Direito, as forças vivas de Cachoeira precisam se expressar; mostrar para os demais municípios baianos, para outros estados e ao mundo que aqui se implanta um clima de terror ostensivamente. Aqui na terra que deu o primeiro passo para a Independência do Brasil, conspiram contra a democracia.