O pré-candidato tucano à presidência da República, José Serra, visita nesta terça-feira as cidades baianas Alagoinhas e Feira de Santana, conhecidas como "porta do sertão nordestino". Ao aterrissar no Estado, disse que não comentaria a eventual desistência de Ciro Gomes (PSB-CE) de concorrer ao Planalto e que fortaleceria o Bolsa-Família caso fosse eleito.
Sobre o programa de transferência de renda, Serra disse que não só manteria, mas reforçaria o programa do governo federal. O candidato tem defendido que é preciso atrelar o Bolsa a medidas que deem à população condições de obter sua própria renda. Por isto, o pré-candidato propõe ligar o programa à formação profissional e Saúde.
Serra foi recebido na Associação Comercial de Alagoinhas (BA) por lideranças empresariais e políticas da coligação PSDB-DEM. Em Feira de Santana, a 105 quilômetros da capital Salvador, visitou o arcebispo Itamar Vian e termina seu itinerário em um cerimonial com lideranças políticas e empresariais. As duas cidades são consideradas portas de entrada para o sertão nordestino.
Na casa do arcebispo Itamar Vian, Serra falou sobre violência, drogas e prometeu dar todo apoio à casa de reabilitação de dependentes químicos mantida pela arquidiocese. Na noite passada, o ex-governador de São Paulo falou da falta de segurança ao apresentador da Band Luiz Datena e propôs a criação de um Ministério de Segurança Pública e, caso necessário, defenderia a criação de uma "nova força".
É comum que políticos procurem representantes religiosos para angariar apoio às suas candidaturas. "A religião não está a serviço da política, mas ela tenta prestar um serviço para conscientizar o leitor na escolha dos melhores candidatos", explicou o arcebispo que condena o envolvimento direto entre Igreja e política.
Na casa do bispo
"Fiquei muito feliz ao saber que Serra queria me fazer uma visita, e que Paulo Souto (pré-candidato do DEM ao governo baiano) e o prefeito Tarcízio Suzart Pimenta Jr. (PSB) viriam junto", disse o arcebispo Itamar Vian. E acrescentou ainda que, neste pleito de outubro, "o Brasil tem ótimos candidatos à presidência da República".
Até agora, o religioso só foi procurado pelo presidenciável tucano, mas costuma receber políticos em campanha por ser engajado em causas políticas, tanto regionais quanto nacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou um café com o arcebispo, que aproveitou a oportunidade para entregar seu livro sobre a transposição do rio São Francisco, obra a qual Itamar Vian se colocou publicamente contrário. "Eu sempre fui contra a essa transposição, Lula era, mas mudou de opinião. Eu não mudei", disse o arcebispo ao Terra.
Feira de Santana, conhecida como "Princesa do Sertão, tem mais de 500 mil habitantes, para os quais o arcebispo escreve, em todas as eleições, cartilhas políticas que ensinam a importância do voto, o valor à vida, saúde e segurança publicas, reforma agrária, corrupção e a preservação do meio ambiente. Segundo as palavras do religioso, que elabora o material há 25 anos, "isto não é partidário". "Recebo todos os candidatos, de todos os partidos, não faço essa distinção", disse o arcebispo que destacou o fato de sequer cobrar que políticos acreditem em Deus. "Para ocupar um cargo, seja Executivo ou Legislativo, não é preciso acreditar, mas defender a Vida".
Neste ano, a cartilha feita pelo arcebispo já tem 50 mil exemplares impressos. "Isso é só a primeira tiragem", disse. Segundo o religioso, a visita dos candidatos é uma "grande oportunidade para conversar sobre assuntos prioritários defendidos pela Igreja: valor da vida humana, luta na preservação do meio ambiente, levar a serio questões referentes à reforma agrária".
Investida tucana
O PSDB investe em visitas pelo Nordeste do País, reduto tradicional de votos para os adversários petistas. Para justificar sua visita no Estado, Serra disse que a Bahia é muito grande e que tem "muita representatividade". De acordo com levantamento realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Bahia ganhou, de Janeiro de 2008 a Janeiro de 2009, 317.947 novos eleitores, alcançando a marca de mais de 9 milhões de votantes. O novo número corresponde a 7% do eleitorado nacional de mais de 130 milhões de eleitores.
A Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do Brasil, só ficando atrás de São Paulo (29 milhões), Rio de Janeiro (11 milhões) e Minas Gerais (14 milhões). No entanto, o estado teve o maior crescimento percentual do eleitorado dentre os maiores colégios eleitorais: 3,57%. (Terra Magazine)