terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ainda sobre a Irmandade da Boa Morte

Parabéns ao jornalista Jorge Ramos, gerente de jornalismo da TVE, autor do artigo "Salve(m) a Boa Morte, publicado na edição do Jornal A TARDE de ontem. Concordamos plenamente com as análises e as observações do jornalista. Ja está passando da hora de uma ampla discussão sobre a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte de Cachoeira e as suas relações institucionais com o estado. A festa foi reconhecida este ano como patrimônio imaterial do estado da Bahia, contudo falta conhecimento sobre a entidade por parte daqueles que pretendem transformá-la em emblema do turismo étnico baiano. Boa parte dos organizadores dos passeios são os mesmos que se esbaldam na carnavalizada Lavagem do Bonfim; os afro americanos já não são maioria na festa; os políticos oportunistas pegam pongam na questão étnica para fixar suas caras de pau em frente à sede da Irmandade nos dias mais importantes da festa.
Há muitas preocupações com o entorno da festa, porém devem-se voltar os olhares para dentro da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, o seu cotidiano que não é nada glamouroso. As descaracterizações dos antigos ritos saltam aos olhos. E mais: É imprescindível verificar se há respeito ao que prevê o estuto do idoso para com as irmãs da Boa Morte de Cachoeira no seu cotidiano.
Algum intelectual que escreve teses, monografias ou artigos ja parou para testemunhar o dia a dia das irmãs fora do período da festa e a sua relação com a sede da Irmandade? Esta aí uma boa sugestão. Vamos dar visibilidade ao que ocorre no seio da irmanade, que não diz respeito somente à questão dos segredos litúrgicos , mas às relações sociais, tolerância e, principalmente , respeito aos mais velhos.