A Sociedade Cultural e Orpheica Lyra Ceciliana, fundada 1870, pelo maestro abolicionista Manoel Tranquilino Bastos, completa no dia 13 de maio, 139 anos de existência. O aniversário de uma das mais antigas filarmônicas do Brasil em atividade será comemorado com a celebração de missa em Ação de Graças, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte, às 19h30min.Após a missa, a filarmônica fará a tradicional passeata musical, pelas principais ruas da cidade, uma iniciativa de seu fundador que é mantida até os dias atuais pelos seus diretores e associados. Em seguida, a sede da filarmônica, situada na Travessa Maestro Irineu Sacramento será aberta para a solenidade de posse da diretoria reeleita e presidida pelo professor Raimundo Cerqueira. Ainda como parte das comemorações do aniversário da Lyra Ceciliana, os músicos farão um concerto e em seguida será servido um coquetel para os presentes.
O MAESTRO - Filho de uma escrava alforriada e de um português, o Maestro Manoel Tranquilino Bastos, foi um grande defensor da abolição da escravatura. A sociedade fundada por ele, composta na sua origem por operários tornou-se uma entidade por onde circulava os ideais abolicionistas da época. Em 13 de maio de 1888, a Filarmônica Ceciliana, regida pelo seu maestro fundador, comandou uma histórica passeata com aproximadamente oito mil pessoas, para celebrar a assinatura da Lei Áurea, conforme consta na ata da reunião do Montepio dos Artistas Cachoeiranos, escrita naquela data.
A Lyra Ceciliana desenvolve trabalhos de inclusão social por meio da Escola de Formação Musical Maestro Irineu Sacramento, dirigida pelo professor Jessé do Carmo Conceição, e mantida pela própria entidade. O projeto social da Lyra Ceciliana proporciona curso de formação musical gratuito para 60 crianças carentes da comunidade. Esse trabalho tem garantido a inserção no mercado de trabalho de muitos jovens cachoeiranos que atuam como músicos profissionais em Salvador e em outras cidades.
A Filarmônica Lyra Ceciliana tem também revelado alguns talentos para a música. O estudante Nilton Azevedo, é um deles. O jovem músico já tem até um dobrado de sua autoria gravado. O dobrado Zé Cutia composto por Nilton em homenagem ao maestro José Orlando foi o vencedor do concurso de dobrados da 11ª edição do Festival de Filarmônicas do Recôncavo promovido pelo Centro Cultural Dannemann da cidade de São Félix. O adolescente também já compôs outras peças executadas pela Lyra Ceciliana.
O trabalho de formação musical desenvolvido pela entidade está contribuído também para despertar o gosto de jovens alunos por outros estilos musicais, a exemplo do grupo de chorinho Chorões do Recôncavo composto por alunos e ex-alunos da Lyra, que já realizaram shows em Recife e São Paulo.
Regida pelo maestro José Orlando Mascarenhas, a Lyra Ceciliana conta atualmente com 50 músicos. Segundo seu presidente, Raimundo Cerqueira, reeleito para um novo mandato de dois anos, os músicos da filarmônica “tocam por amor e dedicação”. A entidade recebe auxílio financeiro de quatro salários mínimos mensais repassados pela prefeitura de Cachoeira para manter funcionando a sua escola de formação musical. Outras fontes de recursos para manutenção das atividades da filarmônica são o aluguel do restaurante da sede e o pagamento de tocatas em festas cívicas e religiosas. O dinheiro obtido com essas atividades de acordo com o presidente é utilizado para a manutenção das instalações físicas e limpeza da sede própria.
