Depois de perder a liderança para o Correio, amargar queda nas vendas e em sua receita, e, mais recentemente, ter sua credibilidade abalada, o Grupo A Tarde deve passar por profundas mudanças, em breve.
Finalmente convencidos da falta de capacidade administrativa, parte da terceira geração do Grupo A Tarde, detentora da maior fatia de capital da empresa (leia-se Sylvio Simões e Renato Simões Filho) decidiu que é hora de entregar o comando da empresa a gestores profissionais e passar a integrar um conselho. Desde o início deste ano, duas consultorias – o Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG) e a Cases i Associats – trabalham visando a reestruturação organizacional do grupo.
A decisão de deixar o comando da empresa ainda não foi anunciada oficialmente, mas teria sido confirmada pelo próprio Sylvio Simões no calor da crise interna e de imagem criada pela demissão do repórter Aguirre Peixoto, por suposta pressão de empresários do setor imobiliário insatisfeitos com o teor de reportagens sobre a obra do Parque Tecnológico, em Salvador.
A demissão do jornalista acabou evidenciando o clima nada tranquilo em que essa transição deverá ser feita. Em entrevista publicada nesta quarta-feira (9/2) pelo Terra Magazine, Sylvio Simões admite que as mudanças provocaram conflito interno. “O tempo vai exatamente demonstrar que foi muito mais uma questão de relações de poder interno”, afirmou.
A questão a que Sylvio se refere está relacionada com outro herdeiro e sócio minoritário do grupo, o jornalista Ranulfo Bocayuva, que não aceitaria a ideia de ser afastado da direção de jornalismo. No entanto, a demissão arbitrária do repórter, motivada por supostos “erros” identificados apenas por Sylvio e Renato, mostrou que Ranulfo perdeu poder e está enfraquecido. ”O problema é que não podemos demitir sócio”, teria comentado Sylvio Simões, revelando o clima tenso vivido entre os herdeiros do Grupo A Tarde.
Movimento – Nesta quinta-feira (10/2), uma comissão de funcionários de A Tarde fará a primeira reunião com a direção da empresa após o protesto que parou a redação por duas horas e meia na tarde desta quarta-feira (9/2). O grupo quer uma explicação para a demissão de Aguirre e tentará negociar a reintegração do repórter. Outro ponto da pauta é a linha editorial do jornal. Os jornalistas querem que a direção de A Tarde adote posição clara acerca de assuntos que não devem ser objeto de reportagem.(Fonte: Gente&Mercado)