Tauan Saturnino
Publicação: 15/07/2012 16:35 Atualização: 15/07/2012 16:36
Registro de casamento, certidão de nascimento, dentadura, cimento, tijolo, remédio, jangada, CPF, RG e até silicone para botar no peito. A lista é quase infinita. Em época de eleição sempre aparece alguém para fazer o pedido mais esquisito e impossível para os candidatos a vereador. São os famosos “pidões”, que as vezes até conseguem ter alguns dos pedidos atendidos, mas mesmo que não consigam insistem em arrumar uma boquinha com o candidato.
Com mais de dez mandatos na Câmara do Recife, o vereador Liberato Costa Júnior (PMDB) conhece bem o tipo. De acordo com Liberato, a lista de pedidos é tão grande que é impossível recordar de todos. “As pessoas pedem o que você puder imaginar. É remédio, cirurgia, passagem para buscar a família no interior, cesta básica, cimento, registro de casamento, carteira profissional, dinheiro. Pedem até mulher”, disse.
O vereador contou que existe uma frequência maior de certos pedidos bastante práticos. “O que mais pedem é dinheiro. Também pedem muito tijolo e cimento para consertar o banheiro. Outra coisa que sempre pedem é aquela cirurgia para mulher não engravidar, a laqueadura. É um absurdo, você não é capaz de imaginar. Tem pescador que pede até jangada. Na última eleição que disputei me pediram umas dez jangadas. Já me pediram até advogado para libertar gente presa”, comentou.
Outro vereador, que pediu para não ser identificado, contou como acabou vendo um topless de uma senhora que queria um implante de silicone. “Eu estava em meu escritório político, em Jardim São Paulo, quando essa senhora apareceu. Ela disse que queria silicone para botar na mama por causa de um câncer que teve. Quando eu menos espero, a mulher abaixou a roupa para mostrar porque precisava do silicone”, relembrou.
Apesar de bastante comum, a prática de pedir favores não é vista com bons olhos pelos políticos que ainda têm um pouquinho de consciência. Para Liberato, além de extrapolar o trabalho de um vereador, que deveria se concentrar em propor leis para a cidade, a prática também favorece os políticos que gostam de comprar votos dos eleitores mais incautos. “Tem gente que engana o eleitor. Dá uma geladeira e se perder a eleição tira. A classe política está sem credibilidade”, disse.
Apesar de tudo, há quem seja otimista em relação ao futuro. Para Antônio Luiz Neto (PTB), houve tempo em que o povo pedia mais. “Nos últimos 15 anos, a população evoluiu muito neste aspecto, e eu tenho evitado este tipo de pedido”, falou. Pode até ser, mas até que os “pidões” caiam em si e parem de pedir, ainda vai levar muito tempo. Acompanhe também o Pernambuco.com pelo Twitter