terça-feira, 2 de outubro de 2012

Refundação da petê: a que foi prometida, mas não houve: O PT TEM FUTURO?

Da série: RECORDAR É ESCLARECER / E NÃO DEIXAR ESQUECERA

As idéias da refundação e a refundação das idéias // Carta Maior


São Paulo – Em meio à tempestade que se abateu sobre o PT e seus militantes nos últimos meses, a noite de segunda-feira (12) reuniu nomes históricos do partido, militantes, parlamentares, sindicalistas e representantes de movimentos sociais, dispostos a trabalhar para inaugurar uma nova etapa na vida da legenda. O ato realizado no auditório do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo lançou o movimento pela refundação do PT. Uma idéia ainda em aberto, sem contornos claramente definidos, que não pretende necessariamente se atrelar à palavra “refundação”, mas que mostrou seu potencial mobilizador. Entre outros, estavam presentes nomes como Marilena Chauí, Roberto Schwarz, Eduardo Suplicy, José Eduardo Cardozo, Maria Rita Khel, Paul Singer, Raul Pont, Maria Victoria Benevides, Tarso Genro, Miguel Rossetto, Vladimir Palmeira, Paulo Skromov, Zilah Abramo, João Felício, José Lopes Feijó, Elói Pietá.

Segundo um dos apoiadores da reunião, o economista Paul Singer, a proposta de refundação justifica-se pela crise existencial que o PT vive, de modo mais agudo, desde junho. Crise provocada pela revelação de práticas ilegais de captação de recursos e financiamento de campanhas eleitorais, cometidas por dirigentes do partido. Logo no início, Singer fez questão de salientar que está tudo em discussão em torno da idéia de refundação. Não há nenhuma proposta fechada e nenhuma fixação em torno da palavra “refundação”. Uma das tarefas fundamentais agora, defendeu o economista, é entender as causas do processo que conduziu à crise atual. Um processo, segundo ele, que constituiu uma situação de duplo comando no PT, com a atuação de um partido subterrâneo, que não agia às claras e que passou a controlar e pesar as principais decisões da vida partidária. Uma das idéias básicas da refundação, disse Singer, é ter um partido totalmente transparente.

O princípio da transparência


Durante o ato, vários oradores bateram na tecla de que o importante, neste processo de tentativa de superação da crise política, não é polemizar em torno de palavras. Não se trataria, portanto, de definir se se trata de uma “refundação”, de uma “recriação”, “repactuação”, ou de uma “reencarnação”, como chegou a brincar João Felício, da CUT, mas sim de definir os princípios fundamentais que devem reger o funcionamento do partido daqui para frente. O princípio da transparência foi citado várias vezes durante a noite. “É intolerável uma situação onde exista todo um processo de administração financeira, do qual não conheçamos nem a origem dos recursos nem a sua destinação”, resumiu Singer. Outro consenso foi que não basta punir os responsáveis isoladamente, sem examinar o processo político que transformou o PT em uma poderosa máquina

eleitoral, onde decisões eram tomadas sem transparência e sem o conhecimento do conjunto do partido.