Há dois anos, o samba de roda conquistou uma sede provisória, para a realização dos ensaios e também para a guarda de parte do acervo e instrumentos. Na realidade, trata-se um imóvel residencial na Rua Ana Nery, no centro histórico da cidade, cujo aluguel é pago por um particular. “As despesas de água, luz e manutenção da casa são por nossa conta”, explica Dona Dalva como é mais conhecida. O dinheiro para o custeio dessas despesas é proveniente de pequenas colaborações de turistas e visitantes da casa.
Dona Dalva revela, sem esconder certo ressentimento, que o maior cachê que o samba já recebeu até hoje por apresentações em Cachoeira não ultrapassou a quantia de R$ 1 mil. “Esse dinheiro mal dá para ajudar músicos e as sambadeiras”, lamenta a artista que garante a sobrevivência com a aposentadoria que recebe. Atualmente, o grupo é composto por 50 integrantes, segundo Dona Dalva.
A presença do samba de roda está por todos os cantos da casa onde Dona Dalva mora com a família. As cadeiras, sofás e até a mesa da sala são ocupadas com cortes de tecidos e vestimentas usadas pelos integrantes do grupo nas apresentações. “Meu maior sonho é o samba ter a sua casa própria, com espaço para eventos, realização de cursos e oficinas”, declara enquanto exibe uma das saias usadas pelas sambistas e costuradas por ela. “Eu compro os tecidos com os meus próprios recursos nos camelôs da feira- livre, e a costura é feita por mim e minhas filhas, aqui em casa”.
Ver o nome do Samba de Roda Suerdieck constando no catálogo Culturas Populares e Identitárias, para Dona Dalva, é motivo de orgulho e de mais reconhecimento. “Porém, espero que, com essa visibilidade sirva para os grupos recebam mais incentivos e continuem preservando as nossas tradições”, ressalva a artista.