quinta-feira, 3 de maio de 2012

A fotógrafa Iêda Marques lança seu primeiro livro, reunindo imagens e prosa sobre a vida no sertão


A vida no sertão, suas alegrias, encantos e agruras compõem o cenário do primeiro livro solo da fotógrafa Iêda Marques. Reunindo prosa e imagens, a obra “Iêda Marques – Lembranceiras, imaginário e realidade” revela um olhar poético sobre atividades cotidianas, as festas de Reis, as brincadeiras infantis e paisagens poucos conhecidas da Chapada Diamantina. Editada pela Solisluna Editora, com apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, a publicação será lançada no dia 8 de maio, no foyer do Teatro Castro Alves, às 19 horas, com exposição de fotos e monóculos. O lançamento conta ainda com a apresentação do grupo Reisado Terno das Ciganas de Caeté-Açu, do Vale do Capão. A exposição segue até o dia 18 de maio.

Com preço promocional de R$ 80,00 no dia do lançamento, o livro contextualiza as fotos com palavras, uma narrativa de vida inspirada na rota leste-oeste, que marcou a vida do pai da autora e se refletiu em sua própria trajetória. “Esse livro é resultado de um longo trabalho com as pessoas de onde venho”, escreve Iêda, que nasceu em Boninal e, após passagens por São Paulo, Salvador, Barreiras e Londres, escolheu a cidade para morar. A obra reúne fotografias feitas entre as décadas de 80 e os dias atuais, algumas a pedido dos retratados, outras como apoio a trabalhos de pesquisa, e tantas mais atendendo ao interesse que a cena despertou na fotógrafa.

O texto foi maturado aos poucos, a partir da semente plantada por professoras da Unicamp que a assistiram em uma palestra. “Elas me disseram ‘você tem de escrever tudo isso que fala’”, conta a autora. Sempre interessada em provocar sua comunidade sertaneja ao auto-olhar, Iêda não demorou a concluir que para este público a mensagem estaria mais completa com palavras que revelassem o contexto da imagem.

E é nesse fluxo de conversa que segue a narrativa do livro, entrecortada por explicações, variante no tempo e espaço, sem capítulos, nem amarras, quase um bate-papo que convida o leitor a um mergulho sensorial em cada imagem vista, em cada palavra lida.

Para Iêda, o livro é sobretudo uma extensão do seu ativismo ambiental e da luta pelas causas sociais das comunidades rurais e agricultores familiares. “Meu interesse é que a população rural veja como somos capazes, como podemos ousar, colocar o sentimento e a criatividade a serviço da nossa causa e da nossa própria subsistência”, explica a fotógrafa. No jogo de luz e sombra das  fotografias  de  cozinhas,  tão presentes  no  livro,  ela  sintetiza  a reflexão sobre sustentabilidade. “Se você cuida da sua casa, você tem de cuidar da casa maior, que é o planeta”.