A vida no sertão, suas alegrias, encantos e agruras compõem o cenário do primeiro livro solo da fotógrafa Iêda Marques.
Reunindo prosa e imagens, a obra “Iêda Marques – Lembranceiras,
imaginário e realidade” revela um olhar poético sobre atividades
cotidianas, as festas de Reis, as brincadeiras infantis e paisagens
poucos conhecidas da Chapada Diamantina. Editada pela Solisluna Editora,
com apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, a publicação será
lançada no dia 8 de maio, no foyer do Teatro Castro Alves, às 19 horas,
com exposição de fotos e monóculos. O lançamento conta ainda com a
apresentação do grupo Reisado Terno das Ciganas de Caeté-Açu, do Vale do
Capão. A exposição segue até o dia 18 de maio.
Com
preço promocional de R$ 80,00 no dia do lançamento, o livro
contextualiza as fotos com palavras, uma narrativa de vida inspirada na
rota leste-oeste, que marcou a vida do pai da autora e se refletiu em
sua própria trajetória. “Esse livro é resultado de um longo trabalho com
as pessoas de onde venho”, escreve Iêda, que nasceu em Boninal e, após
passagens por São Paulo, Salvador, Barreiras e Londres, escolheu a
cidade para morar. A obra reúne fotografias feitas entre as décadas de
80 e os dias atuais, algumas a pedido dos retratados, outras como apoio a
trabalhos de pesquisa, e tantas mais atendendo ao interesse que a cena
despertou na fotógrafa.
O
texto foi maturado aos poucos, a partir da semente plantada por
professoras da Unicamp que a assistiram em uma palestra. “Elas me
disseram ‘você tem de escrever tudo isso que fala’”, conta a autora.
Sempre interessada em provocar sua comunidade sertaneja ao auto-olhar,
Iêda não demorou a concluir que para este público a mensagem estaria
mais completa com palavras que revelassem o contexto da imagem.
E
é nesse fluxo de conversa que segue a narrativa do livro, entrecortada
por explicações, variante no tempo e espaço, sem capítulos, nem amarras,
quase um bate-papo que convida o leitor a um mergulho sensorial em cada
imagem vista, em cada palavra lida.
Para
Iêda, o livro é sobretudo uma extensão do seu ativismo ambiental e da
luta pelas causas sociais das comunidades rurais e agricultores
familiares. “Meu interesse é que a população rural veja como somos
capazes, como podemos ousar, colocar o sentimento e a criatividade a
serviço da nossa causa e da nossa própria subsistência”, explica a
fotógrafa. No jogo de luz e sombra das fotografias de cozinhas, tão presentes no livro, ela sintetiza a reflexão sobre sustentabilidade. “Se você cuida da sua casa, você tem de cuidar da casa maior, que é o planeta”.