Da carpintaria,
aonde há tempos atrás, fervilhava de operários que trabalhavam na fabricação de
caixas de madeira para embalar os famosos charutos produzidos no prédio da
antiga Fábrica Dannemann, esteio por longos anos da economia do município de
São Félix, surge do trabalho minucioso, do funcionário público e carpinteiro
Daniel Moreira da Conceição, 32, miniaturas de barcos que encantam e servem
para levar oferendas, pedidos de fé e agradecimentos às divindades das águas,
cultuadas pelos adeptos de religiões da matriz africana no Recôncavo baiano.
O prédio da
importante fábrica de Charutos Dannemann, de 1873, desde 1984 ganhou uma nova função para o povo de
São Félix. O espaço desativado foi transformado pelo então prefeito da época, Eduardo
José de Macedo, na Casa da Cultura Américo Simas. O espaço da fábrica tornou-se
uma referência para a criatividade, a cultura, o entretenimento e um
referencial identitário dos sanfelistas. É neste ambiente, que o artesão
Daniel, deixa fluir o seu talento, entre uma atividade e outra do seu trabalho
como funcionário público.
No silêncio
da carpintaria vazia, bem longe do burbuirnho dos tempos áureos da extinta
Fábrica de Charutos Dannemann, o artesão reaproveita, cuidadosamente, sobras de
chapas de fibras de madeira para construir as pequenas embarcações, que são
utilizadas como alegorias em folguedos populares, a exemplo do grupo folclórico
Puxada de Rede, nos cultos religiosos do Povo de Santo. Os barcos criados por
Daniel também servem como objeto decorativo para colecionadores.
O artesão
conta que aprendeu a arte na carpintaria da antiga fábrica, cujo maquinário
serve para confeccionar cenários e alegorias dos espetáculos teatrais e de
dança promovidos pela Casa da Cultura Américo Simas. “Eu sempre fui curioso, e
ficava observando o pessoal trabalhar com madeira e foi assim que aprendi as
técnicas que utilizo para fazer os barquinhos”, conta o artesão que também
confecciona carrinhos de brinquedo.
O primeiro barco, ele confeccionou, a
pedido da diretora da Casa Américo Simas, Beatriz Conceição. “Ela estava
precisando do barco para o grupo da Puxada de Rede, eu tentei e deu certo”,
Daniel recorda. Deu tão certo, que o artesão não parou mais de confeccionar
seus barcos para atender aos pedidos de encomendas. As peças sem a pintura são
vendidas a R$ 15,00, a unidade. Já as que são pintadas, custam R$ 30,00. Se o
tamanho do barco for maior, aí o preço pode subir até para R$ 100,00.