quarta-feira, 27 de agosto de 2014

São Félix: Artesão cria miniaturas de barcos que transportam oferendas para as divindades das águas




Da carpintaria, aonde há tempos atrás, fervilhava de operários que trabalhavam na fabricação de caixas de madeira para embalar os famosos charutos produzidos no prédio da antiga Fábrica Dannemann, esteio por longos anos da economia do município de São Félix, surge do trabalho minucioso, do funcionário público e carpinteiro Daniel Moreira da Conceição, 32, miniaturas de barcos que encantam e servem para levar oferendas, pedidos de fé e agradecimentos às divindades das águas, cultuadas pelos adeptos de religiões da matriz africana no Recôncavo baiano.

O prédio da importante fábrica de Charutos Dannemann, de 1873, desde  1984 ganhou uma nova função para o povo de São Félix. O espaço desativado foi transformado pelo então prefeito da época, Eduardo José de Macedo, na Casa da Cultura Américo Simas. O espaço da fábrica tornou-se uma referência para a criatividade, a cultura, o entretenimento e um referencial identitário dos sanfelistas. É neste ambiente, que o artesão Daniel, deixa fluir o seu talento, entre uma atividade e outra do seu trabalho como funcionário público.

No silêncio da carpintaria vazia, bem longe do burbuirnho dos tempos áureos da extinta Fábrica de Charutos Dannemann, o artesão reaproveita, cuidadosamente, sobras de chapas de fibras de madeira para construir as pequenas embarcações, que são utilizadas como alegorias em folguedos populares, a exemplo do grupo folclórico Puxada de Rede, nos cultos religiosos do Povo de Santo. Os barcos criados por Daniel também servem como objeto decorativo para colecionadores. 

O artesão conta que aprendeu a arte na carpintaria da antiga fábrica, cujo maquinário serve para confeccionar cenários e alegorias dos espetáculos teatrais e de dança promovidos pela Casa da Cultura Américo Simas. “Eu sempre fui curioso, e ficava observando o pessoal trabalhar com madeira e foi assim que aprendi as técnicas que utilizo para fazer os barquinhos”, conta o artesão que também confecciona carrinhos de brinquedo. 


O primeiro barco, ele confeccionou, a pedido da diretora da Casa Américo Simas, Beatriz Conceição. “Ela estava precisando do barco para o grupo da Puxada de Rede, eu tentei e deu certo”, Daniel recorda. Deu tão certo, que o artesão não parou mais de confeccionar seus barcos para atender aos pedidos de encomendas. As peças sem a pintura são vendidas a R$ 15,00, a unidade. Já as que são pintadas, custam R$ 30,00. Se o tamanho do barco for maior, aí o preço pode subir até para R$ 100,00.