terça-feira, 27 de novembro de 2012

III CACHOEIRADOC COLOCA O RECÔNCAVO BAIANO NO CIRCUITO DE FESTIVAIS PARA DOCUMENTÁRIO


 O III CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira consolida o Recôncavo Baiano como o principal pólo de reflexão, pesquisa e exibição de documentários da Bahia ao trazer o melhor da produção documental nacional e internacional. Durante seis dias serão exibidos 33 filmes, divididos entre a Mostra Competitiva, Mostras Especiais e Sessões ao ar livre. Este ano, a homenagem é para os 25 anos do projeto Vídeo nas Aldeias, que abrirá o festival com a exibição do premiado documentário Hiper Mulheres, com a presença de realizadores indígenas e do idealizador do projeto Vincent Carelli.  Além disso, o festival fará uma retrospectiva com outros oito documentários produzidos por esse projeto pioneiro na formação de cineastas indígenas no Brasil. Também serão realizadas três oficinas sobre o fazer audiovisual e shows com o Baiana System e o pernambucano Ortinho. A abertura será no dia 04 de dezembro, às 19 horas, na Praça D’Ajuda, que também terá a presença de outra homenageada, Dona Dalva, criadora do samba de roda Suerdiec, que recebeu, este ano, o título de Doutora Honoris Causa pela UFRB. O Festival acontecerá de 04 a 09 de dezembro no Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Mais informações no www.cachoeiradoc.com.br.
O documentário como gênero cinematográfico vem crescendo a cada ano, e, isso é visível no aumento de inscritos para as mostras competitivas de curta, média e longa-metragem, que esse ano recebeu 249 filmes, de todo o Brasil. Desses, foram selecionados 07 longas-metragens e 11 curtas-metragens, sendo quatro baianos, quatro pernambucanos, seis paulistas, dois do Rio de Janeiro, um do Distrito Federal e um do Rio Grande do Sul. O júri oficial premiará os vencedores da Mostra Competitiva com prêmios em dinheiro e troféus, criados pelo artista cachoeirense Louco Filho em homenagem às irmãs da Irmandade da Boa Morte. As exibições serão seguidas de debates com os realizadores dos filmes. Entre os longas estão o pernambucano Doméstica, de Gabriel Mascaro (prêmio especial do júri, 8º. Panorama Coisa de Cinema), o baiano Cuíca de Santo Amaro, de Joel de Almeida e Josias Pires e A Cidade é uma só? (Melhor Documentário na Mostra Aurora na 15º Mostra de Cinema de Tiradentes),  de Ardiley Queiros, do Distrito Federal. Três curtas-metragens baianos foram selecionados: A Anti-performance, de Daniel Lisboa, Dançando mas tô andando, de Marcondes Dourado (Melhor Curta Nacional, no VIII Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual/ Festival CineFuturo; Premio Alexandre Robatto, no XV Festival Nacional 5 Minutos), e Desterro, de Cláudio Marques e Marília Hughes. Além do júri oficial, o festival terá um júri jovem, composto dos estudantes do curso de cinema da UFRB e um júri da ABCV – Associação Baiana de Cinema e Vídeo.
O festival está inserido em um cenário privilegiado que é a cidade de Cachoeira, tombada como patrimônio da humanidade. Por isso, as sessões pelas ruas da cidade já fazem parte da programação do CachoeiraDoc, que também busca levar o cinema para a população local. Nesta edição, será exibido o filme cult do underground americano Window Water Baby Moving, documentário em que o cineasta vanguardista Stan Brakhage filma o parto do primeiro filho. Para essa noite especial, os músicos do Baiana System, João Milet Meirelles e Robertinho Barreto, criarão uma trilha sonora especial para o filme, que será executada ao vivo. No encerramento, a música volta as ruas com os shows do Baiana System e do cantor pernambucano Ortinho, parceria com o Conexão PE, e exibição dos videoclipes produzidos por estudantes do curso de Cinema e Audiovisual da UFRB.
O projeto Vídeo nas Aldeias, precursor na produção audiovisual indígena no Brasil, completa 25 anos, consolidando sua proposta de apoiar as lutas dos povos indígenas, fortalecer suas identidades, seus patrimônios territoriais e culturais. A Mostra 25 anos de Vídeo nas Aldeias, composta por nove vídeos, entre os quais No tempo do Verão, de Wewito Piyãko, inédito na Bahia, que narra o cotidiano das famílias Ashaninka que acampam nas praias formadas ao longo dos rios para ensinar as crianças a pescar. Dentro dessa retrospectiva, serão exibidos ainda A arca dos Zo’é (1993), premiado no 16º. Tokyo Video Festival e no Cinema Du Réel, em Paris; Das Crianças Ikpeng para o Mundo, de Natuy Yuwipo Txicão, Kumaré Ikpeng, Karané Ikpeng (2001), prêmio de melhor documentário no All Roads Film Festival, da National Geographic, em Los Angeles e Washington; Hiper Mulheres (2012), de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã  Kuikuro, prêmios especial do júri e melhor montagem no Festival de Gramado 2011. Além disso, Vincent Carelli ministrará a oficina Metodologias de formação em audiovisual. A oficina tem como objetivo apresentar reflexões metodológicas sobre a experiência internacionalmente reconhecida do Vídeo nas Aldeias em formação audiovisual, com vistas à elaboração de um pensamento propositivo voltado para a prática, e dirige-se a profissionais do audiovisual, educadores, antropólogos, estudantes de cinema e de ciências humanas, integrantes de movimentos sociais, enfim, pessoas interessadas na apropriação da tecnologia audiovisual como instrumento de fortalecimento da identidade/diferença.
O festival conta com mais uma mostra especial, a Mostra Caros Diários, que é composta por 04 documentários antológicos em primeira pessoa de consagrados cineastas e artistas internacionais. Do Brasil, vem o inédito Elena, de Petra Costa, premiado no 45º Festival de Brasília nas categorias melhor direção, montagem e direção de arte e melhor documentário pelo júri popular; e Diários de uma Busca, de Flávia Castro, prêmio de Melhor documentário da Union Latine, no Festival da Amérique Latine de Biarritz, França e melhor documentário no Festival do Rio. Logo após as sessões, as diretoras farão um bate-papo com a platéia. Dos Estados Unidos, serão exibidos Window water baby moving, de Stan Brakhage, que será exibido em praça pública com trilha sonora ao vivo; e No sex last night, uma parceria do fotografo norte-americano Greg Shephard com a renomada artista francesa Sophie Calle, que filmam uma viagem de carro feita por eles pelos Estados Unidos.
Dentro da proposta de contribuir para a criação de uma cultura e pensamento artístico e crítico, assim como de colaborar com a formação técnica e estética dos habitantes da região do Recôncavo Baiano, o festival promoverá o curso O Processo Criativo da Montagem, com o premiado cineasta Marcelo Pedroso; e a Oficina de Web Documentário, que será ministrada por Elen Linth e Camila Yallouz, membros do Grupo de Estudos e Práticas em Documentário da UFRB. As oficinas acontecerão no Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, com inscrições gratuitas pelo site www.cachoeiradoc.com.br.
Este ano, o III Ciclo de Conferências traz o tema “O cinema e os desafios do real”, onde propõe debater e levantar questões que atravessam a história do documentário