O
III CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira consolida o
Recôncavo Baiano como o principal pólo de reflexão, pesquisa e exibição de
documentários da Bahia ao trazer o melhor da produção documental nacional e
internacional. Durante seis dias serão exibidos 33 filmes, divididos entre a Mostra
Competitiva, Mostras Especiais e Sessões ao ar livre. Este
ano, a homenagem é para os 25 anos do projeto Vídeo nas Aldeias, que abrirá o
festival com a exibição do premiado documentário Hiper Mulheres, com a
presença de realizadores indígenas e do idealizador do projeto Vincent
Carelli. Além disso, o festival fará uma retrospectiva com outros oito
documentários produzidos por esse projeto pioneiro na formação de cineastas
indígenas no Brasil. Também serão realizadas três oficinas sobre o fazer
audiovisual e shows com o Baiana System e o pernambucano Ortinho. A abertura
será no dia 04 de dezembro, às 19 horas, na Praça D’Ajuda, que também terá a
presença de outra homenageada, Dona Dalva, criadora do samba de roda Suerdiec,
que recebeu, este ano, o título de Doutora Honoris
Causa pela UFRB. O Festival acontecerá de 04 a 09 de dezembro no Centro
de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Mais informações no www.cachoeiradoc.com.br.
O
documentário como gênero cinematográfico vem crescendo a cada ano, e, isso é
visível no aumento de inscritos para as mostras competitivas de curta, média e
longa-metragem, que esse ano recebeu 249 filmes, de todo o Brasil. Desses,
foram selecionados 07 longas-metragens e 11 curtas-metragens, sendo quatro
baianos, quatro pernambucanos, seis paulistas, dois do Rio de Janeiro, um do
Distrito Federal e um do Rio Grande do Sul. O júri oficial premiará os
vencedores da Mostra Competitiva com prêmios em dinheiro e troféus,
criados pelo artista cachoeirense Louco Filho em homenagem às irmãs da
Irmandade da Boa Morte. As exibições serão seguidas de debates com os
realizadores dos filmes. Entre os longas estão o pernambucano Doméstica,
de Gabriel Mascaro (prêmio especial do júri, 8º. Panorama Coisa de Cinema), o
baiano Cuíca de Santo Amaro, de Joel de Almeida e Josias Pires e A
Cidade é uma só? (Melhor Documentário na
Mostra Aurora na 15º Mostra de Cinema de Tiradentes), de Ardiley
Queiros, do Distrito Federal. Três curtas-metragens baianos foram selecionados:
A Anti-performance, de Daniel Lisboa, Dançando mas tô andando, de
Marcondes Dourado (Melhor Curta Nacional, no
VIII Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual/ Festival CineFuturo;
Premio Alexandre Robatto, no XV Festival Nacional 5 Minutos), e Desterro,
de Cláudio Marques e Marília Hughes. Além do júri oficial, o festival terá um
júri jovem, composto dos estudantes do curso de cinema da UFRB e um júri da
ABCV – Associação Baiana de Cinema e Vídeo.
O
festival está inserido em um cenário privilegiado que é a cidade de Cachoeira,
tombada como patrimônio da humanidade. Por isso, as sessões pelas ruas da
cidade já fazem parte da programação do CachoeiraDoc, que também busca levar o
cinema para a população local. Nesta edição, será exibido o filme cult do
underground americano Window Water Baby Moving, documentário em que o
cineasta vanguardista Stan Brakhage filma o parto do primeiro filho. Para essa
noite especial, os músicos do Baiana System, João Milet Meirelles e Robertinho
Barreto, criarão uma trilha sonora especial para o filme, que será executada ao
vivo. No encerramento, a música volta as ruas com os shows do Baiana System e
do cantor pernambucano Ortinho, parceria com o Conexão PE, e exibição dos
videoclipes produzidos por estudantes do curso de Cinema e Audiovisual da UFRB.
O
projeto Vídeo nas Aldeias, precursor na produção audiovisual indígena no
Brasil, completa 25 anos, consolidando sua proposta de apoiar as lutas dos
povos indígenas, fortalecer suas identidades, seus patrimônios territoriais e
culturais. A Mostra 25 anos de Vídeo nas Aldeias, composta por nove
vídeos, entre os quais No tempo do Verão, de Wewito Piyãko, inédito na
Bahia, que narra o cotidiano das famílias Ashaninka que acampam nas praias
formadas ao longo dos rios para ensinar as crianças a pescar. Dentro dessa
retrospectiva, serão exibidos ainda A arca dos Zo’é (1993), premiado no
16º. Tokyo Video Festival e no Cinema Du Réel, em Paris; Das Crianças Ikpeng
para o Mundo, de Natuy Yuwipo Txicão, Kumaré Ikpeng, Karané Ikpeng (2001),
prêmio de melhor documentário no All Roads Film Festival, da National
Geographic, em Los Angeles e Washington; Hiper Mulheres (2012), de
Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro, prêmios especial do júri
e melhor montagem no Festival de Gramado 2011. Além disso, Vincent Carelli
ministrará a oficina Metodologias de formação em audiovisual. A oficina
tem como objetivo apresentar reflexões metodológicas sobre a experiência
internacionalmente reconhecida do Vídeo nas Aldeias em formação audiovisual,
com vistas à elaboração de um pensamento propositivo voltado para a prática, e
dirige-se a profissionais do audiovisual, educadores, antropólogos, estudantes
de cinema e de ciências humanas, integrantes de movimentos sociais, enfim,
pessoas interessadas na apropriação da tecnologia audiovisual como instrumento
de fortalecimento da identidade/diferença.
O
festival conta com mais uma mostra especial, a Mostra Caros Diários, que
é composta por 04 documentários antológicos em primeira pessoa de consagrados
cineastas e artistas internacionais. Do Brasil, vem o inédito Elena, de
Petra Costa, premiado no 45º Festival de Brasília nas categorias melhor
direção, montagem e direção de arte e melhor documentário pelo júri popular; e Diários
de uma Busca, de Flávia Castro, prêmio de Melhor documentário da Union
Latine, no Festival da Amérique Latine de Biarritz, França e melhor
documentário no Festival do Rio. Logo após as sessões, as diretoras farão um
bate-papo com a platéia. Dos Estados Unidos, serão exibidos Window water
baby moving, de Stan Brakhage, que será exibido em praça pública com trilha
sonora ao vivo; e No sex last night, uma parceria do fotografo
norte-americano Greg Shephard com a renomada artista francesa Sophie Calle, que
filmam uma viagem de carro feita por eles pelos Estados Unidos.
Dentro
da proposta de contribuir para a criação de uma cultura e pensamento artístico
e crítico, assim como de colaborar com a formação técnica e estética dos
habitantes da região do Recôncavo Baiano, o festival promoverá o curso O Processo
Criativo da Montagem, com o premiado cineasta Marcelo Pedroso; e a Oficina
de Web Documentário, que será ministrada por Elen Linth e Camila Yallouz,
membros do Grupo de Estudos e Práticas em Documentário da UFRB. As oficinas
acontecerão no Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, com inscrições gratuitas pelo site www.cachoeiradoc.com.br.
Este
ano, o III Ciclo de Conferências traz o tema “O cinema e os desafios do
real”, onde propõe debater e levantar questões que atravessam a história do
documentário